quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sem segredos

Li algures que o "5 para a Meia Noite" foi eleito o melhor programa da televisão. Concordo, às vezes.
Já o pior programa foi o "Secret Story 3". Aqui concordo plenamente e sempre.
Nunca tinha seguido de perto um realityshow. Uma vez ou outra, dois ou três diretos e nada mais. Ah! e conhecia a história do Zé Maria. No ano passado deu-me para ali e comecei a ver assiduamente esta Casa dos Segredos 3, que agora tem uma inenarrável sequela apelidada de Desafio Final. Não posso dizer "sem comentários" porque trouxe para aqui o assunto, mas é difícil dizer alguma coisa de jeito sobre este programa etiquetado de entretenimento. Tudo junto, concorrentes, linguagem, situações, missões, discussões e palavrões, dava um tratado de sociologia, de fauna e flora, linguística e psicologia comportamental. Este conjunto de pessoas, supostamente simples e anónimas, encarna toda a complexidade do ser humano. Protegem-se uns aos outros numa dinâmica de jogo e em nome dessa dinâmica denunciam-se ao mínimo deslize , à mínima contrariedade. Todos são frontais, honestos, humildes e solidários. Uns assumem que ali estão por dinheiro, outros não se percebe bem pois afirmam que nem precisam daquilo. Nas frequentes discussões dardejam profundidades filosóficas sobre sofrimentos, sacrifícios, solidariedades e amizades, e na mesma linha se contradizem e acusam. Formam pares amorosos, uns para "dar canal", outros porque descobrem que encontraram a alma gémea. Choram abundantemente com as traições e falsidades, mas não hesitam nas nomeações para as saídas. No fim juram a pés juntos que vão ficar amigos para toda a vida, e quando algum sai, despedem-se como se o visado fosse para o outro mundo.
Como nunca tinha visto qualquer programa destes por inteiro, não fazia a mínima. É uma feira de vaidades e insanidades. É caso para dizer: todos diferentes, mas todos tão iguais!

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