Quando há uns anos precisámos de creche para as crianças, ia-se dando uma tragédia familiar. As públicas eram muito poucas e os critérios de admissão tocavam as raias do absurdo, e as privadas justificavam os preços também absurdos com todas e mais algumas atividades para entreter as criancinhas. Perante esta contingência, desenhou-se a hipótese do despedimento da mãe e o apertar do orçamento familiar. Felizmente apareceu uma ama particular, falha de certificados ou licenças, mas carregadinha de amor e bom senso.
Lembro-me que nessa altura, o Algarve apresentava uma alta taxa de natalidade que justificaria um planeamento a longo prazo das autarquias relativamente a esta questão dos filhos e dos casais trabalhadores. Pouco se fez.
Agora temos resultados dos censos e sabemos que a nossa população levou um rombo enorme. Falta gente, muita gente.
Sei que as autarquias têm gabinetes que estudam estes dados, e acima delas está o governo que também deve ter gabinetes semelhantes. Então é altura de se avançar com um planeamento estrutural, de vistas largas e ambiciosas, até porque está a chegar dinheiro fresco da Comunidade e é imperativo que ele seja bem empregue, desde a nascente até à foz. Proporcionar aos casais jovens habitação de baixo custo e aproveitar estruturas existentes para fazer surgir creches e jardins infantis, seriam exemplos de itens a serem considerados.
Planear o futuro é preciso, e fazer chegar a todos o que todos necessitam, sem que a burocracia fale mais alto e esfarrape o a acesso a esse futuro.