Quando era garota havia um programa na televisão intitulado " Viagens sem passaporte". Numa altura em que o dinheiro não abundava e uma viagem a Lisboa já era merecedora de preparativos com dois dias de antecedência, esse programa presenteava os telespectadores com a descoberta do mundo, a partir da comodidade do sofá da sala, sem o nervoso inerente ao esquecimento de objetos do quotidiano ou de peças de roupa imprescindíveis. Nem era preciso reservar o tempo das férias.Viajava-se em qualquer altura para toda a parte, e os museus, palácios, catedrais, pontes, antes vislumbrados em fotos estáticas em uma ou outra revista, ficavam ali mesmo à distância do pequeno ecrã, cheios de movimento, de sorrisos, de vida.
Os tempos agora são outros. Viajar tornou-se uma banalidade. Mas não para todos. Ainda existe muita gente que não tem meios nem disponibilidade para viajar. As férias continuam a ser preenchidas com a praia mais próxima ou com pequenos passeios para arejar.
Mas existe um dado novo. As redes sociais. Através delas, viajamos com os amigos e conhecidos e carregamo-nos de fotografias dos mais variados locais. Sem sair do sofá e sem nervosismos. Continuam a ser viagens sem passaporte, apenas sujeitas aos destinos de quem organiza.
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