"São Francisco de Assis renuncia às riquezas terrenas", por Giotto di Bondone Basílica de Assis (Itália) |
A alegria com que foi acolhida na Praça de S.Pedro a fumata branca depressa deu lugar a uma ansiedade crescente. No final de uma quinta votação, já se tinham abandonado os nomes dos cardeais papáveis, a maioria fora da curia romana, como era desejável. Então veio a surpresa, anunciada em latim mas compreendida por todos, os que enchiam a Praça e os que se colavam às televisões. O
mundo católico atento arrepiou-se perante a escolha de um cardeal argentino para suceder a
Bento XVI. Pela primeira vez foi eleito um Papa latino-americano. Fora da curia romana, fora da Europa. Como era desejado.Isto pode querer dizer muito. O novo Papa escolheu um nome nunca antes escolhido, Francisco. E isto pode querer
dizer tudo. Jesuita e com um nome destes, junta o carácter missionário e evangelizador ao da humildade e amor ao próximo na sua sua raíz mais chegada ao ensinamento de Cristo. Espera-se, assim, um pontificado de renovação e
mudança, e de responsabilidade social para com os mais desfavorecidos.
"Amor e Fraternidade" foram as palavras chave do discurso de
apresentação de Francisco I na varanda da Basílica de S. Pedro. O Vaticano, enquanto Estado, e a Igreja Católica, enquanto instituição religiosa, atravessam momentos difícieis originados por sucessivos escândalos
mundanos, desde a pedofilia à finança, que, de algum modo, têm abalado os católicos e aumentado as críticas aos altos responsáveis da hierarquia e que estiveram na base da resignação de Ratzinger. A escolha deste Papa sul-americano, que pelo que se sabe está habituado a arregaçar as mangas e ir à luta, pode trazer novos contornos à espiritualidade e à fé, à
consciência social e ao diálogo entre os Povos, apelando à fraternidade
dentro e fora da Igreja e reforçando o amor em Cristo e na sua doutrina. Pode ser ainda o Homem da Igreja que saiba usar com firmeza o anel de Pedro e as sandálias do Pescador.
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