sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Anjos e Demónios

 Terminou com a absolvição da  Joana Marques o processo movido contra a humorista pelos elementos do grupo "Anjos". O desfecho só podia ser este.

Humberto Eco pôs o Riso como questão central em "O Nome da Rosa" . O medo do riso desaguou em morte porque a Igreja escondeu A Comédia de Aristóteles dos olhos dos monges tão virginais quanto pecadores, com o argumento quase dogmático que quem ri desvia-se do entendimento sério da Obra Divina. Mas se foi Deus que criou o Homem, deu-lhe também a capacidade de rir, então o riso expressa a liberdade face ao medo. 

No caso dos "Anjos", músicos reconhecidos, o medo do ridículo por uma infeliz atuação desaguou numa vitimização da situação e na culpabilização da humorista, que nada mais fez do que divulgar o mau desempenho numa única música, por sinal o Hino de Portugal. 

Foi de rir até às lágrimas. Venceu o riso. Venceu a liberdade de expressão. 

Extremamente… improvável: o processo milionário dos Anjos contra Joana  Marques esbarra na liberdade de expressão ("provavelmente", como quase  sempre) - CNN Portugal 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Pré - Qualquer Coisa

  Nobel da Paz: quem escolhe e como funciona eleição do vencedor, que será  anunciado nesta sexta

 

Andam os grandes países deste mundo em grande azáfama para encontrarem um denominador comum que permita acabar com a guerra na Ucrânia. Ora o grande promotor desta azáfama é o incontornável presidente dos Estados Unidos.

Ávido de protagonismo, Trump desenvolveu, desde que tomou posse, estranhos hábitos de lidar com a economia mundial, avançando com taxas e tarifas exorbitantes que logo de imediato reduz, possivelmente aconselhado pelo contabilista da Casa Branca. Posto que angariou fama de aventureiro de visão única e antes que os seus eleitores se sentassem a fazer as contas que importam, Donald lança-se na política externa com toda a pujança, metendo-se em tudo quanto é conflito armado instalado ou por instalar. Meteu o homem na cabeça que tem o perfil próprio e adequado para ganhar o Prémio Nobel da Paz. Nem mais!

A Europa da União e fora dela anda num rebuliço, os líderes desdobram-se em reuniões e entrevistas  televisivas, os telefonemas e mensagens surgem como  tsunamis. Donald Trump faz afirmações cáusticas de manhã para de tarde dizer tudo e o seu contrário.

Estamos em fase de pré - qualquer coisa, que ainda não se descortinou muito bem: pré - Nobel? pré - paz na Ucrânia? 

Concluindo num jeito bem português - nem o pai morre nem a gente almoça.

Ah! uma palavrinha para o sr. Putin - palavras poucas, orelhas moucas. E ameaças, daquelas assustadoras com nuclear na mesma frase.

Paragem

 Quase dois anos sem dar sinal de vida. Acontece. Uma pessoa mergulha no imediatismo das redes sociais e esquece-se de que tem um espaço sólido, firme e duradouro. Mas mais vale tarde do que nunca. Regressemos, pois, às crónicas, aos apontamentos curtos, para não cansar.

Nestes dois anos, observamos a continuidade da guerra da Ucrânia, a ofensiva desproporcionada à Faixa de Gaza, a eleição de Donald Trump e a nova composição da União Europeia, onde um português é a segunda figura mais importante.

Por cá, assistimos à destronização do Partido Socialista e ao fim da alternância partidária característica primeira da nossa democracia. Assistimos, também, ao escalar exuberante do partido de grande Direita (não sei se extrema-direita será o mais acertado) que tem levado a cabo desinformação e mais desinformação, trazendo para o palco do debate a imigração e mais imigração, a reforma da constituição e do sistema penal.

As televisões também não têm ajudado nada, servindo-se de um batalhão de comentadores, todos com uma agenda bem definida.

Portanto, continuamos pequeninos e rabinos.